sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

TRANSFORMADORES DO MUNDO (ESGRIMA E POESIA)

No final, a noite é o que nos resta, embora, na maioria das vezes, estejamos fugitivos em débeis instantes de ilusão entre luzes e absinto.

Ao encararmos nosso eu, acabamos por não pensar na fragilidade humana, não encarando nossa mera condição de simples passageiros numa viagem que se inicia dentro do corpo de uma mulher.

Nessa viagem, como passageiros, muitos conseguem transpor os percursos apenas como expectadores das paisagens e dos acontecimentos (transformações) até a parada final. Outros, inconformados com o maniqueísmo ou a passividade da maioria das pessoas, travam batalhas para modificar os rumos da viagem da vida. São elas - essas pessoas - que fazem a diferença. É graças a elas que os seres humanos chegaram ao estágio atual.

Contudo, para esses transformadores da vida, há um preço a pagar: o preço da consciência plena da existência e da vulnerabilidade dos seres humanos.

O poeta, talvez, seja o maior exemplo de dor diante das fraquezas humanas. Onisciente e onipresente, sofre as agruras do mundo não fugindo a encarar o que a maioria desdenha: a falibilidade do ser, não daquele ser apenas feito de vida, mas do ser pensante e que tem no ato de pensar a espada de esgrima com a qual enfrentará seus oponentes.

Através da poesia, o poeta nasce, vive e morre. No viver, através da poesia, ele é esgrimador, ser alado, amado, desprezado... Encontra o outro, apaixonado e, em êxtase, se entrega e vai embora, vivendo de saudade.

Ao morrer, diante da lassidão implacável da transformação irremediável, o verdadeiro poeta ainda teima em transformar o todo, deixando seu legado em forma de palavras pungentes, gritos, delírios e desilusão.

Texto de Pedro Paulo de Oliveira do LIVRO "RENASCER".

Imagem: msn

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