segunda-feira, 30 de setembro de 2013

SENTIMENTOS





Frio, muito frio
e o teu silêncio me olha,
entra no meu coração
me conduz nessa bruma
que nos separa e que me envolve.

A paisagem se mistura
nas gotas do orvalho
que escorre na vidraça
encobrindo a estrada
que me leva ao teu corpo.

São montanhas e vales
que só vejo se fecho os olhos
entumecido pelo frio
pelo vento
que sopra
levando meus pensamentos
carregando meus sentimentos
para longe
bem longe
não vejo pra onde
mas olho, sempre, para sempre.

Texto de Pedro Paulo de Oliveira.
Reprodução permitida, dede que citada a autoria

Imagem: Busca no Google

FÊNIX





As folhas do outono se foram
levadas pelo vento
e pelo tempo que não volta
silentes no sopro do inverno
e no hálito da primavera.

Adormecidas, espíritos flutuantes
carregaram os sonhos
do guerreiro morto
de todos os homens
de todas as mulheres
de todas as crianças
que como as flores depois do inverno
só querem a primavera.

Doce primavera
que sorri mais uma vez
embora meus sentidos dispersos
Não perceba a vida nascendo
do útero da terra
rebento imortal
feito de cinzas e sentimentos.

Texto de Pedro Paulo de Oliveira
Direitos reservados
Reprodução permitida, desde que citada a autoria.

Imagem: busca no Google.

IMAGEM




Você é o espelho do seu desejo,
o reflexo dos seus sonhos
íntimos e inauditos
o silêncio da sua imagem
que fala por si.


Texto: Pedro Paulo de Oliveira.
direitos reservados

Imagem: labfoto.ufba.br

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

VIDAS QUE PASSAM




Vejo as pessoas nas ruas,
ruas da minha cidade,
ruas de bloquetes.(Blotuetes?)
ruas de pedra, ruas de praças,
nas casas pequenas, nas casas baixas.

Bate-papos nas esquinas,
conversa nas calçadas,
perto do jardim.

Escuto a voz que se foi,
vejo a imagem estática,
o táxi que não viaja mais
com histórias de caminhoneiro,
dormindo, cansado,
com os seus sonhos de estrada,
até que a estrada o levou.

Foi embora o Vanderlei
encontrar-se com o Seu Elias Salomão,
com o Seu Luizinho Sacramento,
Com o Pedro da Kombi,
Com Lelei do Muchaco...

As vidas passam
pela praça,
pelas ruas,
pelos jardins,
pelas estradas.

Texto de Pedro Paulo de Oliveira.
Todos os direitos reservados
Reprodução permitida, desde que citada a autoria


Imagem: Ubiratan Nogueira.

O BARQUEIRO




Vai o barco, navegando sonhos,
navegando vidas,navegando batalhas
em águas mansas, turvas, turbulentas.
Vai o barco levando um pedaço de todos,
a alma dos guerreiros, dos heróis.

O Barqueiro segura o leme, olha as velas,
espera o vento, sabe para onde seguir,
para o porto eterno
no Vale dos Deuses
onde mora os sonhos, as sagas.

O Barqueiro espera
o fim das batalhas,
o fim dos tempos,
escuta os lamentos,
leva embora os últimos heróis.


Texto: Pedro Paulo de Oliveira.

todos os direitos reservados
Reprodução permitida, desde que citada a autoria.

Imagem: Google.

SER DEUS




Sei que de tudo um pouco,
do pouco que vivi,
do muito que me dei,
do amor único que senti,
nada foi em vão,
pois recriei a vida
no útero da mulher.

Arranquei da terra meu sustento,
pelo sangue e pelo suor,
Pois da terra sou filho,
embora as palavras sejam a minha vida,
do meu corpo e da minha alma
a vida se refez, novamente, no ventre da mulher.

Texto de Pedro Paulo de Oliveira.
Todos os direitos reservados.
Reprodução permitida desde que citada a autoria.

Imagem: Busca no Google.

VERSOS DELIRANTES




És tu, entre brumas e mistérios,
no delírio de sons e palavras,
no turbilhão de emoções
que encanta e engana.

Nas asas das suas notas eu deliro
e penso que a vida é bela,
eu me emociono, eu choro,
eu danço e adormeço em sonhos.

És tu, que no palco me olha e não me vê,
és a musa, quem sabe meu o meu ídolo,
que olho bêbado (a) embevecido (a)
ludibriado (a) pelo instante
do som que me leva ao paraíso,
do êxtase que envolve
e lentamente me mata.



Texto de Pedro Paulo de Oliveira.
Todos os direitos reservados.
Reprodução permitida, desde que citada a autoria.

Imagem: Busca no Google.

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

A IGREJA, GUARDIÃ DO TEMPO.





Estou diante da velha igreja, velando meus desejos, meus sentimentos mais profundos. Olho os detalhes das pedras sobrepostas, guardiãs do tempo, dos segredos e dos mistérios da vida, do vento. Ouço o sino lamurioso anunciando as horas, a morte, a missa, a festa...Meu espírito veleja e atraca em portos turvos de uma infância intermitente, latente. Sou novamente menino, pois que os meninos nunca morrem, são eternos nos nossos sonhos.

A porta da igreja sempre range, como rodas de carro de boi, para a chegada da multidão contrita. Na chegada, muitas entradas com homens e mulheres trajando vestes vermelhas e fitas cruzadas nos peitos carregando medalhões coloridos, guardiões da fé. A Igreja não cai, tem idade de tataravô e, se cai, levanta.

Toca a banda na frente da igreja, banda de crianças e velhos, de dois maestros, o velho e o moço, para a chegada da procissão que carrega a imagem do santo, da santa, conforme a fé, conforme o dia.

Noutro dia, o auto-falante anuncia o morto e a igreja abre suas portas, range a madeira, chorando a vida, pois que morte não se chora. O padre paramentado encomenda o corpo, mas a alma já se despregou, já foi embora, livre pelo espaço. Depois, vai a procissão levando o corpo pela rua dos defuntos. Vai embora o menino; vai embora o moço; vai embora o velho; vai embora a menina; vai embora a moca; vai embora a velha.

A igreja fecha suas portas. Nos seus altares dourados, imagens estáticas olham as paredes pesadas, os corredores frios, vazios, silenciosos.

Do lado de fora as torres de duas cores, silentes, olham para o céu e para a sua gente, no frio do inverno, pessoas em vestes lanosas, com os seus medos, seus desejos, seus amores e a infância navegando suave pelas águas do rio que corre lá embaixo, no fim do vale.

Texto de Pedro Paulo de Oliveira.
Todos os direitos autorais reservados

Imagem: Cássia Oliveira.

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

A IGREJA, GUARDIÃ DO TEMPO




Estou diante da igreja, velando meus desejos, meus sentimentos mais profundos. Olho os detalhes das pedras sobrepostas, guardiãs do tempo, dos segredos e dos mistérios da vida, do vento. Ouço o sino lamurioso anunciando as horas, a morte, a missa, a festa...

A porta da igreja sempre range, como rodas de carro de boi, para a chegada da multidão contrita. Na chegada, muitas entradas com homens e mulheres trajando vestes vermelhas e fitas cruzadas nos peitos carregando medalhões coloridos, guardiões da fé. A Igreja não cai, tem idade de tataravô e, se cai, levanta.

Toca a banda na frente da igreja, banda de crianças e velhos, de dois maestros, o velho e o moço, para a chegada da procissão que carrega a imagem do santo, da santa, conforme a fé, conforme o dia.

Noutro dia, o auto-falante anuncia o morto e a igreja abre suas portas, range a madeira, chorando a vida, pois que morte não se chora. O padre paramentado encomenda o corpo, mas a alma já se despregou, já foi embora livre pelo espaço. Depois, vai a procissão levando o corpo pela rua dos defuntos. Vai embora o menino, o moço, o velho, a menina, a moca; vai embora a velha.

A igreja fecha suas portas. Nos seus altares dourados, imagens estáticas olham as paredes pesadas, os corredores frios, vazios, silenciosos.

Do lado de fora as torres de duas cores olham para o céu e para a sua gente, no frio do inverno, em vestes lanosas, com os seus medos, desejos, amores e a infância que navega suave sobre o rio lá no fim do vale.

Texto de Pedro Paulo de Oliveira.
Todos os direitos autorais reservados

Imagem: Cássia Oliveira.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

MUTAÇÃO





O mundo se transforma e se funde
Diante dos meus olhos
Que se abrem e se fecham,
Diante dos meus gestos
Que vão ficando pelo caminho,
Deixando marcas que desaparecerão
Até o tempo em que não serei sequer lembrança
Apenas poeira no espaço sideral.

Vejo tu, pedras,
Nem tu és eterna
Areia que a água leva,
Para o fundo do rio,
Para o fundo do mar.

E tu, ó bela criatura,
De formosura e encanto,
Que pensas ser para sempre
Seu sorriso sem pranto,
Logo encontrarás o vinco
No espelho do tempo.


Pois assim é que é o tempo.
Em mil anos nada mais, nem amores,
Apenas e apenas o esquecimento
Dos sonhos e das dores.



Texto de Pedro Paulo de Oliveira
Imagem: Google.