domingo, 30 de agosto de 2015

DO LIVRO O TURVO E O TEMPO



(...) "O Cachorro é o melhor amigo do homem até que conheça o poder do dinheiro" - Disse o Coronel olhando a matilha de viadeiros correndo atrás da caça que fugia apavorada, embrenhando-se nas capoeiras. (...)

 
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                   (...) O negrinho Teté saiu correndo, todo doido de alegria, pisou na bosta de vaca e se estatelou com a fuça na pinguela. Ficou por lá, dependurado e flácido lavando os pés no córrego. Uma brecha se abriu na sua testa e o sangue escorreu tingindo a água que desembocava na bica. Zenda olhou de esguelha e pensou: "destino bão só tem é coroné. Negro num vale pra nada neste mundo." Os outros negrinhos chegaram alvoraçados, gritando e rindo, e rodearam o amigo sem entender muito bem o que estava acontecendo. Zenda chegou mais para perto, esparramou a horda, catou o menino no colo e olhou na direção da casa por onde surgia o Visconde já arrumado para sair.  Os dois olhares se encontraram, se fixaram por um instante, até que Zenda se foi na direção oposta levando a massa mole de vida nos braços. (...)


Pedro Paulo de Oliveira.

sábado, 8 de agosto de 2015

DO LIVRO "O TURVO E O TEMPO" - Quase pronto. Em fase de revisão.

... e a noite se fez presente trazendo consigo os fantasmas, lembranças, imagens perdidas no espaço, desenhos impalpáveis e flutuantes. O sussurro do Rio Turvo, cortando os barrancos, misturava-se ao som do vento frio vindo do sul, passando pela serra dos índios e tomando conta das casas, murmurando nas frestas dos sobrados. Alexandre olhou fixamente, mais uma vez, a água reverberando a lua de inverno. Aquela lua - a mesma lua - que iluminara o corpo branco e sensual da sua amada. Odiou o rio, odiou a lua, cúmplices do seu amor proibido. Tudo estava amaldiçoado. Desejou o mesmo destino do seu amor: desaparecer nas águas turvas do rio. Seria a vingança perfeita contra aqueles que proibiram seu amor e decretaram o destino trágico da sua amada. Todos eles teriam que conviver com o remorso de os terem sentenciado à morte. O tempo, esse relógio que só anda para frente levando-nos de forma tão cruel, poderia estar nas suas mãos e ele voltaria tudo e, antes que as águas levasse sua amada, ele a abraçaria e a levaria consigo para sempre, até o fim do próprio tempo.

Antônio acordou e ficou paralisado por um momento olhando o breu e escutando o silêncio. Embora o vento zumbisse do lado de fora, suava por todo corpo. Sua boca estava seca, pegajosa e dolorida. Levantou-se e foi até a cozinha tomado pela sede. Bebeu duas canecas de água. Mas não era somente a sede que o havia acordado. Um pressentimento o assaltava e seguiu para o quarto de Alexandre. O lampião tremulava na sua mão formando sombras disformes. A cama vazia deu-lhe a certeza de que seu irmão, tomado pelo desespero, devia estar zanzando pelas margens do Rio Turvo.

Pedro Paulo de Oliveira.

VÉNUS E MARTE - AMOR E PAIXÃO


houve um tempo
um tempo de amor e paixão...
dois Deuses
Vénus e Marte...
eles se amaram intensamente...


Zeus - o Deus Supremo -
por capricho - proibiu esse amor.


O amor, mais forte que tudo,
uniu-os em louca paixão.


Zeus - cruel - condenou-os à perdição
Separou-os no firmamento.
Vénus brilha intensamente e bela
acordando quando o dia esmorece
e ganhando vida
reluzente - ao lado
da lua.

Marte - o Deus da Guerra -
com a cor do fogo - foi colocado
bem distante, admirando sua musa
Vénus - a Deusa da Beleza -
chorando a perda do seu amado.

Nas noites frias de outono ou inverno
com o céu límpido
os dois apaixonados podem se ver
e homens e mulheres na terra
da mesma forma
podem sentir a força
desse amor
e entender que a vida é nada sem amor e paixão.


Escrito por Pedro Paulo de Oliveira.