quarta-feira, 19 de outubro de 2011

O INFINITO DOS MEUS OLHOS


Fito o infinito de voltas e contornos do mundo.
Vejo, no espaço perdido dos meus olhos, o tempo.
Ah, sim! A vida é a minha visão, a minha memória.
Compreendo que nada muda, mas apenas se aproxima.

Enfim, Continua a angústia, continua a fome, continuam as buscas.
Por que tentam me convencer que o mundo está pior?
por que me dizem que os valores de hoje são piores que os de ontem?
Por que me falam que as pessoas estão mais cruéis hoje?
por que me dizem que a pessoas estão indiferentes?
No infinito da minha existência o mundo não mudou.
Meus olhos vêem os mesmos homens de todos os tempos.
Sou mais um desses homens.

Não sou indiferente à morte alheia,
Não sou indiferente à fome dos outros,
Não sou indiferente à exploração dos mais fracos,
Não sou indiferente à crueldade contra os povos.

O que me resta, por que nasci, é apenas viver.
Tenho uma certeza:O fim dos tempos é a minha morte!
Não quero a desgraça dos seres humanos à minha volta.
Mas, por não ser herói, tenho medo de defendê-los
E anseio por um novo herói, um novo mártir.

Sei que a grande maioria dos que comandam este mundo são apátridas.
Sei que nada mudou na vida dos palácios.
Sei que as tramas continuam sendo feitas pelos detentores do poder.
Tramam as guerras, a mortes, jogam com as vidas!
Tentam convencer-me de que as favelas são frutos do meu tempo.
Ah, que mentira! Os guetos sempre existiram,
Os excluídos e miseráveis sempre existiram.
Os excluídos e miseráveis estão nos cantos das cidades.
Mas, um dia, eles aprenderão que as vicissitudes humanas fazem inocentes,
E, também, suas presas.

MENINA DE COPACABANA

Seus olhos simplesmente me olham na praia quase deserta de primavera. Ela é distraida, elegante, sensual. O céu triste de garoa deixa o mar de ressaca e sopra areia na calçada de Copacabana. As ondas fazem barulho e se levantam querendo engolir a praia de Copacabana. Mas é a praia que as engole, transformando seus restos em espuma.

Ela apenas caminha pela calçada e expõe seus contornos delgados e sensuais, como animal desatento. Eu respiro, olho-a, desejo-a, quero seu seios brotando da camiseta. Ela não me vê, não sente a minha angústia, não percebe meus desejos. Escuto, da criança, que o mar é misterioso. Ah, sim... Tenho que concordar... O mar guarda os segredos do mundo, de homens e mulheres, de heróis e bandidos... Guarda meus segredos neste intante, minha volúpia escondida, aquietada pela sua indiferença.

Ah, menina eterna, por que eterno são os desejos, eterna é a volúpia! Sereia que canta aos meus ouvidos e me encanta. Mulher, dona dos meus pensamentos, das minhas metas. Tudo faço na vida, tudo ganho, tudo busco para que me olhe, para que me deseje, para que me possua e seja minha dona. Ah, menina, se me quer, perco o medo, desfaço-me de tudo que guardei com avidez. Mas, quando o guardei, estava pensando em você, oh menina eterna!

Ela segue pela calçada de desenhos sinuosos de Copacabana e não me vê... Mas, se quizesse, poderia despir-me e, como um peão na arena, laçar-me e arrastar-me até ela. Eu Iria sem recusar, sem reclamações, sem importar-me em sentir dor. "Dor de amor não doi".

Ela torna a passar por mim e olha-me sem interesse. Seus passos simplesmente parecem acompanhar os traços sinuosos dos desenhos do passeio de Copacabana. Sua silhueta é parte do mar que morre na praia, é a menina de Copacabana, que inspira meus desejos, aviva meus sonhos e desperta minha alegria com a sua sensualidade. Menina de Copacabana, de corpo delgado, de corpo comprido, de pele sedosa, de cabelos cacheados, de boca grande, de olhos amendoados.Menina que invade os meus sonhos. Menina de Copacabana, que flutua na leveza e na beleza, transformando o mundo.