terça-feira, 23 de dezembro de 2014

O TURVO E O TEMPO - FRAGMENTOS DO LIVRO.



... e o menino saiu de casa apressado, passinhos retumbando no assoalho áspero, e pulou sobre a terra fofa da rua. Encontrou o sol, a brisa e as cores do céu. Sentiu-se livre, dono da sua vida, o príncipe da corte do Turvo. Seus cabelos cacheados e penteados cuidadosamente pela negra Zenita se soltaram, caindo sobre sua fronte larga. Seus olhos avistaram do outro lado da rua a figurinha de Miltão esperando-o ansioso e acenando-lhe timidamente.

        O som de um tambor parou o mundo, interrompeu os sonhos dos meninos. As patas dos cavalos levantaram poeira e retumbaram na terra seca de outono. João Gualberto surgiu na porta do sobrado e olhou para o alto. Seus olhos depararam-se com os soldados descendo perfilados, alguns a pé e outros sobre cavalos e mulas. Antônio olhou curioso e assustado para o pai que desceu o degrau, foi na sua direção e o levantou no colo. Abraçou-o com força e lhe disse:

---- Fica com Deus, meu filho. Toma conta da sua mãe.

       Antônio contentou-se em olhar para o pai que o colocou de volta no solo e montou no cavalo que o negro Jacinto lhe entregou. Em seguida, foi encontrar-se com os soldados que gritavam palavras de ordem e vivas à Revolução Liberal. No meio do caminho, o menino viu o pai encontrar-se com Bonifácio Azevedo e tentou compreender aquela amizade momentânea, aquele encontro circunstancial em prol de uma revolução que somente muito mais tarde ele viria a compreender.

...
 
 Autor: Pedro Paulo de Oliveira.

sábado, 20 de dezembro de 2014

O TURVO E O TEMPO- IMAGENS

O que somos, depois de tudo, senão fragmentos de imagens, poeira no tempo, papéis guardados nas gavetas e, agora, arquivos espalhados por um mundo estranhamente virtual.






ENCHENTE NO VELHO RIO TURVO NO INÍCIO DO SÉC. XX

O OLHAR DA IGREJA DO ROSÁRIO


 O TURVO POR VOLTA DOS ANOS 20 DO SÉC.XX


 CIDADE DO TURVO NOS ANOS 30 DO SÉC. XX


 CIDADE DO TURVO NOS ANOS 30 E ILUMINADA POR ENERGIA ELÉTRICA


FAMÍLIA NUMEROSA DA CIDADE DO TURVO NOS ANOS 30


 PROCISSÃO FEITA A CAVALO EM HONRA A NOSSA SENHORA


CIDADE DO TURVO NOS ANOS 30 - RUA DIREITA



 BELOS JARDINS DA RUA DIREITA EM ESTILO FRANCÊS


UMA DAS PRIMEIRAS LOCOMOTIVAS ELÉTRICAS A PASSAR PELO TURVO NOS ANOS 30.


SUBESTAÇÃO FERROVIÁRIA DO TURVO NOS ANOS 30


VEÍCULO FERROVIÁRIO COM MOTOR DE CAMINHÃO PASSANDO PELA CIDADE DO TURVO


IMAGENS  DA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DE ANDRELÂNDIA NOS ANOS 50




PROCISSÃO EM HONRA A NOSSA SENHORA DE FÁTIMA  DESCENDO A RUA DIREITA 


IMAGEM DE NOSSA SENHORA DE FÁTIMA  SOBRE O LAND ROVER DE JOSÉ GODINHO.



DESTAQUE PARA A PROCISSÃO COM NOSSA SENHORA DE FÁTIMA


FESTA NA COMUNIDADE RURAL DE SANTO ANTÔNIO, NO MUNICÍPIO DO TURVO, COM DESTAQUE PARA A CAPELA QUE AINDA EXISTE


 IMAGEM DO 1º BARÃO DE CAJURU, NA CIDADE DO TURVO, UM DOS HOMENS MAIS IMPORTANTES DO BRASIL NA ÉPOCA DO IMPÉRIO


UMA FAMÍLIA ANDRELANDENSE EM PASSEIO RUPESTRE.


FOTO AÉREA DE ANDRELÂNDIA NOS IDOS DOS ANOS 50, COM DESTAQUE PARA A CASA DOS ABRAÃOS E PARA A RUA DR. ERNESTO BRAGA (ANTIGO BECO DOS DEFUNTOS POR LIGAR A IGREJA MATRIZ AO CEMITÉRIO MUNICIPAL)  


AVENIDA GETÚLIO VARGAS (RUA DIREITA) NOS IDOS DOS ANOS 50, DESTACANDO O SOBRADO DO BARÃO DE CABO VERDE.


 RESIDÊNCIA ONDE HABITOU O MAJOR LIMA


ANDRELÂNDIA  VISTA DO SOPÉ DA IGREJA DO ROSÁRIO COM DESTAQUE  PARA PONTE JÁ DE CIMENTO ARMADO - SOBRE O RIO TURVO.

 IMAGEM DA IGREJA DO ROSÁRIO E CASARÃO COMERCIAL ONDE, HOJE, FUNCIONA O BAR DO JOÃO DA AURORA - BAIRRO DO ROSÁRIO(OBSERVE O DETALHE DO HOMEM SOBRE UMA MULA, DA SENHORA QUE SOBE CABISBAIXA E DOS FREGUESES NA PORTA DA VENDA OLHANDO O MOVIMENTO LENTO DA VIDA QUE PASSA)


 SOBRADO DOS PINHEIROS, ONDE MOROU O BIÉ SALGADO


SOBRADO DAS LARANJEIRAS, O MAIS ANTIGO PRÉDIO DO TURVO, CONSTRUIDO ANTES DO ANO DE 1800 (HOJE, FUNCIONA A FARMÁCIA ALKIMIA NA PARTE BAIXA E RESIDE A FAMÍLIA ANDRADE NA PARTE ALTA)


 SEMANA SANTA NA JÁ ANDRELÂNDIA, NOS IDOS DOS ANOS 40 DO SÉC. XX (OBSERVE QUE A IGREJA MATRIZ ERA EM ESTILO ROMÂNICO, COM APENAS UMA TORRE CENTRAL)


 IMAGEM DA CIDADE DO TURVO NO ANO DE 1925, COM DESTAQUE PARA A PONTE AINDA DE MADEIRA LIGANDO O CENTRO AO ROSÁRIO E, NO ALTO, À ESQUERDA, A CASA DA CÂMARA E CADEIA, CONSIDERADA UMA DAS MAIS VETUSTAS CONSTRUÇÕES DO MUNICÍPIO, OBRA DE VISCONDE DE ARANTES.


ATERRO DAS MARGENS DO RIO TURVO E CONSTRUÇÃO DA PONTE DE CIMENTO ARMADO PARA LIGAR AS DUAS PARTES DA CIDADE - FINAL DOS ANOS 20

JOSÉ GODINHO DIRIGINDO SEU LAND ROVER PELAS RUAS DA ANDRELÂNDIA DA DÉCADA DE 50 E FOTOS DA SUA FAMÍLIA EM DIVERSAS OCASIÕES, INCLUSIVE NA PAMPULHA EM BELO HORIZONTE.


VISCONDE DE ARANTES, RESPONSÁVEL POR TRANSFORMAR A VILA BELA DO TURVO NA CIDADE DO TURVO


IGREJA DE SÃO BENEDITO - DEDOS DE DEUS (PAZ E AMOR) NA PRAÇA SIMPLÍCIO DIAS NASCIMENTO EM ANDRELÂNDIA - IDEALIZADA E CONSTRUÍDA SOB OS AUSPÍCIOS DE PADRE JOSÉ TIBÚRCIO.


PEDRA DO SERROTE, NUM DOS CAMINHOS PARA A SERRA DE SANTO ANTÔNIO (SÍTIO ARQUEOLÓGICO COM MAIS DE 3.000 ANOS).



ANDRELÂNDIA ATUALMENTE (ANTIGA TURVO)



OCASO EM ANDRELÂNDIA VISTO DE UMA JANELA DO TEMPO


SERRA DOS DOIS IRMÃOS, UM DOS SÍMBOLOS DE ANDRELÂNDIA E REGIÃO.

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

A MINHA CASA... SUA CASA.















Pode entrar
não peça licença
não bata na porta
chama pelo meu nome...

Minha mesa é farta
senta e coma comigo...
biscoitinho de polvilho
rosquinha de bicarbonato
pão de queijo,
queijo mineiro
leite gordo. 

Minha casa é a sua casa
se precisar de abrigo
tem o quarto de hóspede
fica, meu amigo.

Quando o dia findar
fica na sala
senta no sofá
conta-me da sua vida
conta comigo.

Ao anoitecer, depois do jantar
(carne de porco, angu, arroz e feijão)
vamos jogar cartas
dar risadas, tomar cachaça
ficar amolecido
até o sono nos vencer.

Ah, amigo!
quando você for embora
levo-o do lado de fora
dou-lhe um forte abraço
pra que volte sem demora.


Pedro Paulo de Oliveira.

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

FEDERICO GARCIA LORGA, UM SÍMBOLO DA LUTA CONTRA A HOMOFOBIA NO MUNDO.


Federico Garcia Lorca era espanhol. Nasceu em Granada no dia 05 de junho de 1898, e foi covardemente assassinado nos arredores da sua terra natal no dia 19 de agosto de 1936, pelos "Nacionalistas".

Federico estudou direito na Universidade de Granada. Contudo, sua vocação era a poesia e a dramaturgia. Em 1918 publicou seu primeiro livro intitulado "Impressões e Paisagens". Sentindo que precisava alargar seus horizontes, mudou-se, no ano seguinte, para Madri, onde permaneceu até 1928. Nesse período, fez amizade com Salvador Dali e outros artistas famosos da Espanha e do mundo. Escreveu, nessa mesma época, sua peça "O Sortilégio da Mariposa", momento em que deixou claro para o mundo a sua condição de homossexual.

Em pouco tempo, Garcia Lorca, como já era chamado, passou a ser conhecido e respeitado como um dos maiores escritores modernos do mundo e o mais importante escritor da língua espanhola - o artista que representava a “Alma da Andaluzia”.

Federico não gostava dos fascistas e muito menos dos franquistas. Deixou essa sua aversão clara para os amigos. Por isso, se identificou muito com as camadas excluídas da população espanhola da época. A sociedade Andaluza daquele tempo era retrógrada e conservadora, onde imigrantes, como judeus, mouros e ciganos, eram discriminados e perseguidos.

Em 1929 decidiu se mudar para os Estados Unidos, tempo em que se manteve afastado de novas publicações literárias. No entanto, sentindo-se órfão longe da sua terra, voltou em 1931. Nesse tempo, criou e dirigiu a Companhia de Teatro La Barca e escreveu "Bodas de Sangue", baseado em fatos reais sobre camponeses, uma obra que fala de amor, paixão, ciúme e termina em tragédia. Seguindo uma trajetória de produção fervilhante, ele escreveu "Yerma" (1934) e "A Casa de Bernardo" e "Alba" (1936), que foram publicadas em vários países.

Por volta do ano de 1935, Federico Garcia Lorca já era famoso no mundo inteiro pelo conjunto da sua obra e pela sua extrema sensibilidade e capacidade artística.

Na época da sua prisão começava a Guerra Civil Espanhola e Federico, então com 38 anos, havia demonstrado posição a favor da República. Contudo, nunca se expressou como um comunista. Suas convicções eram socialistas, o que era bem diferente de ser comunista naquele tempo, baseado nos regimes que se impunham pelo mundo seguindo os parâmetros da Revolução Soviética. Mesmo assim, ele foi preso por um deputado (omito seu nome propositalmente) católico, radical de direita, que justificou sua prisão sob a alegação de que ele era "mais perigoso com a caneta do que outros com o revólver." Foi um choque para Federico, um artista avesso à violência. No entanto, uma das razões que o levou a ser preso pelos radicais de direita, foi a sua condição homossexual.

Federico Garcia Lorca foi sumariamente fuzilado com um tiro na cabeça. Sua morte causou espanto no mundo inteiro e os protestos se espalharam não só pela Espanha, mas por todo o mundo. Um artista, no auge da sua produção literária, acabava de ser assassinado em nome do radicalismo “religioso e político”. Os homens que se diziam nacionalistas espanhóis mataram um dos maiores poetas e dramaturgos do séc. XX.

Texto de autoria de Pedro Paulo de Oliveira