quinta-feira, 27 de novembro de 2014

A MINHA CASA... SUA CASA.















Pode entrar
não peça licença
não bata na porta
chama pelo meu nome...

Minha mesa é farta
senta e coma comigo...
biscoitinho de polvilho
rosquinha de bicarbonato
pão de queijo,
queijo mineiro
leite gordo. 

Minha casa é a sua casa
se precisar de abrigo
tem o quarto de hóspede
fica, meu amigo.

Quando o dia findar
fica na sala
senta no sofá
conta-me da sua vida
conta comigo.

Ao anoitecer, depois do jantar
(carne de porco, angu, arroz e feijão)
vamos jogar cartas
dar risadas, tomar cachaça
ficar amolecido
até o sono nos vencer.

Ah, amigo!
quando você for embora
levo-o do lado de fora
dou-lhe um forte abraço
pra que volte sem demora.


Pedro Paulo de Oliveira.

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

FEDERICO GARCIA LORGA, UM SÍMBOLO DA LUTA CONTRA A HOMOFOBIA NO MUNDO.


Federico Garcia Lorca era espanhol. Nasceu em Granada no dia 05 de junho de 1898, e foi covardemente assassinado nos arredores da sua terra natal no dia 19 de agosto de 1936, pelos "Nacionalistas".

Federico estudou direito na Universidade de Granada. Contudo, sua vocação era a poesia e a dramaturgia. Em 1918 publicou seu primeiro livro intitulado "Impressões e Paisagens". Sentindo que precisava alargar seus horizontes, mudou-se, no ano seguinte, para Madri, onde permaneceu até 1928. Nesse período, fez amizade com Salvador Dali e outros artistas famosos da Espanha e do mundo. Escreveu, nessa mesma época, sua peça "O Sortilégio da Mariposa", momento em que deixou claro para o mundo a sua condição de homossexual.

Em pouco tempo, Garcia Lorca, como já era chamado, passou a ser conhecido e respeitado como um dos maiores escritores modernos do mundo e o mais importante escritor da língua espanhola - o artista que representava a “Alma da Andaluzia”.

Federico não gostava dos fascistas e muito menos dos franquistas. Deixou essa sua aversão clara para os amigos. Por isso, se identificou muito com as camadas excluídas da população espanhola da época. A sociedade Andaluza daquele tempo era retrógrada e conservadora, onde imigrantes, como judeus, mouros e ciganos, eram discriminados e perseguidos.

Em 1929 decidiu se mudar para os Estados Unidos, tempo em que se manteve afastado de novas publicações literárias. No entanto, sentindo-se órfão longe da sua terra, voltou em 1931. Nesse tempo, criou e dirigiu a Companhia de Teatro La Barca e escreveu "Bodas de Sangue", baseado em fatos reais sobre camponeses, uma obra que fala de amor, paixão, ciúme e termina em tragédia. Seguindo uma trajetória de produção fervilhante, ele escreveu "Yerma" (1934) e "A Casa de Bernardo" e "Alba" (1936), que foram publicadas em vários países.

Por volta do ano de 1935, Federico Garcia Lorca já era famoso no mundo inteiro pelo conjunto da sua obra e pela sua extrema sensibilidade e capacidade artística.

Na época da sua prisão começava a Guerra Civil Espanhola e Federico, então com 38 anos, havia demonstrado posição a favor da República. Contudo, nunca se expressou como um comunista. Suas convicções eram socialistas, o que era bem diferente de ser comunista naquele tempo, baseado nos regimes que se impunham pelo mundo seguindo os parâmetros da Revolução Soviética. Mesmo assim, ele foi preso por um deputado (omito seu nome propositalmente) católico, radical de direita, que justificou sua prisão sob a alegação de que ele era "mais perigoso com a caneta do que outros com o revólver." Foi um choque para Federico, um artista avesso à violência. No entanto, uma das razões que o levou a ser preso pelos radicais de direita, foi a sua condição homossexual.

Federico Garcia Lorca foi sumariamente fuzilado com um tiro na cabeça. Sua morte causou espanto no mundo inteiro e os protestos se espalharam não só pela Espanha, mas por todo o mundo. Um artista, no auge da sua produção literária, acabava de ser assassinado em nome do radicalismo “religioso e político”. Os homens que se diziam nacionalistas espanhóis mataram um dos maiores poetas e dramaturgos do séc. XX.

Texto de autoria de Pedro Paulo de Oliveira

domingo, 16 de novembro de 2014

DO LIVRO "O TURVO E O TEMPO" Autoria de Pedro Paulo de Oliveira.





O som do balanço, da rede, da brisa, das folhas secas, tudo sobre o piso de madeira da varanda. As vozes vinham de longe com o vento, misturadas aos latidos dos cães chegando das suas vadiagens.  À tardinha, as folhas secas do outono chiavam sobre o assoalho áspero abafando o trote dos cavalos chegando com os seus donos.

---- Eia, que chegam os homens com muita fome – gritava João Gualberto ainda sobre a montaria e de frente com a varanda.

                As crianças gritavam eufóricas, com brilho nos olhos, dourados pelo sol que se punha atrás das serras. Misturavam-se com os cachorros suados e banzeiros. O dia estava terminando e, na verdade, começava a euforia, os momentos de confraternização e de prosas alongadas
.
                Pouco se falava de Aiuruoca por aqueles tempos. O gado e as mulas tomavam as preocupações de João que imaginava expandir seus negócios lá pelas bandas do Rio de Janeiro, pelas voltas de Barra Mansa. No entanto, as coisas não andavam muito boas na política. Falava-se em revolução nas vozes chegadas de Campanha e Barbacena.  A disputa entre Liberais e Conservadores se acirrava. João sabia que se explodisse a Revolução, seria imediatamente convocado.