terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

YMAH THERE - POETA DE LIMA DUARTE




YMAH THERE




CONHECI A OBRA DESSA POETISA SENSÍVEL E FIQUEI SURPRESO. ELA, LIMADUARTINA DE NASCENÇA E, DEPOIS, JUIZFORANA POR OPÇÃO, NUNCA DEIXOU ESVAIR SUA ALMA QUE BROTOU ENTRE AS MONTANHAS DE SUA TERRA. 

 

O texto abaixou copiei de Marco Antônio Silva do seu blog.

A cada dia, tenho muitas surpresas. Limaduartinos e limaduartinas que saem pelo mundo,espalhando seus talentos e sensibilidades, seu trabalho e suas ideias. Uma agradável surpresa foi conhecer Imah Theres, ter o prazer de abraçá-la e mirar seu sorriso.

Imaculada Therezinha Miranda Ribeiro, conhecida literariamente como Ymah Théres, nasceu em 28 de julho de 1939,em Lima Duarte- MG., e faleceu no dia 12 de setembro de 2008, aos 69 anos, em Juiz de Fora, cidade para onde emigrou ainda criança, com seus pais.

Formou-se Bacharel em Jornalismo pela antiga Faculdade de Filosofia e Letras - FAFILE (UFJF). Apesar da formação em jornalismo, entrou para a História como uma grande poetisa: era dona de uma poesia rica e delicada.

Seu pai, leitor voraz e também poeta, muito influenciou sua escrita, e ela lhe dedicava muito amor e admiração. A poetisa tinha a saúde debilitada e sua produção poética falava de uma solidão sem limites.

Durante mais de 30 anos, colaborou como articulista em inúmeros periódicos mineiros.

Aos 24 anos, ingressou na Câmara Municipal de Juiz de Fora, onde, por 28 anos, serviu como chefe e, posteriormente, como Diretora da Seção de Expediente. Aposentou-se em 1991.

JORNAIS COM OS QUAIS A POETISA COLABOROU:
1. GAZETA COMERCIAL- Juiz de Fora, MG.
2. JORNAL RODA VIVA ( Órgão das ex-alunas do Colégio Stella Matutina)- Juiz de Fora, MG.
3. FOLHA DA MANTIQUEIRA Juiz de Fora, MG.
4. DIÁRIO MERCANTIL - Juiz de Fora, MG.
5. O IMPARCIAL de Rio Pomba, MG.
6. CORREIO DO SUL - Varginha, MG.
7. TRIBUNA DE MINAS - Juiz de Fora, MG.
8. JORNAL DO POVO - Lima Duarte, MG.
9. JORNAL O LUME - Juiz de Fora, MG.
10. JORNAL VIVA A VIDA( de Cida Rigotti)- Juiz de Fora, MG.
11. BOTIJA PARDA de Araguari, MG.
12. SUPLEMENTO LITERÁRIO DE MINAS GERAIS - Belo Horizonte, MG.
13. VOZ DE SÃO JOÃO DE São João Nepomuceno - MG.

Era membro titular e fundadora da Academia Juizforana de Letras (1982). Teve seu talento reconhecido por meio de inúmeras premiações e menções honrosas recebidas em concursos literários.

SEUS LIVROS:

1973 - ELEGIAS. Juiz de Fora: Esdeva. (poemas)
1985 - ESCRÍNIO/ ASA DE BORBOLETA). Juiz de Fora: Cave. ( poemas em parceria com seu pai, poeta João Ribeiro de Oliveira)
1986 - MUSGOS E GERÂNIOS Juiz de Fora: Esdeva. ( poemas em prosa e verso):
1987 - BIGODINHO, O GATO ENJEITADO. Juiz de Fora: Cave. ( infantil).
1988 - CANÇÔES DE CONVÉS OU DO AMOR PRESSAGO. Juiz de Fora: Gráfica e papelaria Gonçalves. (poemas).
1989 - HAICAIS. Juiz de Fora: Gráfica e Editora FORMIGA MARIA..
1991 - NA CONCHA DO OUVIDO. Juiz de Fora: Zas Gráfica e Editora. (prosa poética)
1992 - DIÁRIO ESPARSO DE MARIANA. Juiz de Fora: Zas Gráfica e Editora. (prosa Poética).
1992 - SOLO DE FLAUTA DOCE. Juiz de Fora: Edições de Minas. (poemas).
1992 - ACERVO DE CRISTAIS. Juiz de Fora: Edições de Minas. (contos e outros textos).
1992 - TREZE CARTAS DOS VENTOS DE AGOSTO). Juiz de Fora: Edições de Minas. (prosa poética).
- Dos arquivos do anjo dromedário.
1993 - ANJO, ALAÚDE ; PAIXÕES. Juiz de Fora: Edições de Minas.
1994 - FLOR e CIPRESTE: JOÃO RIBEIRO DE OLIVEIRA. Juiz de Fora: Edições de Minas (Publicação / Póstuma de poemas do Pai da autora).
1994 - MENINA COM FLOR. Juiz de Fora: Edições de Minas. (poemas).
1998 - RAMILHETE E ALECRIM. Juiz de Fora. (editoração eletrônica: William F. Ruheno).
1999 - FLOR DE OUTONO. Juiz de Fora
2003 - ANELO DE LUA NOVA . Juiz de Fora: Funalfa.

A Associação Caminho da Serra, na Beira Rio, em Lima Duarte é a guardiã de pertences e objetos pessoais de Imah Théres, doados após seu falecimento em 2009, por sue primo - irmão Alexandre de Miranda Delgado. Uma sala chamada Sala da Poesia, foi construída para resguardar esse acervo, aberto à visitação. Lá estão sua rica biblioteca (prova de sua erudição e bom gosto literário), suas fotografias e quadros pintados por amigos artistas. Um local para reverenciar e louvar sua memória e a poesia!


Segue um de seus poemas, de que muito gosto...


ENIGMA
Desarmado, o coração

reborda a orla do poço

que segue além do limite

do alcance amorfo da mão.

e as coisas vãs se transformam

se transmigram se mitigam

no consumido silêncio

que redime esse sol-posto

das ventanias possessas.

é o amor devagarinho

formando o ocaso do enredo

que folgou de brisa e invento

no eterno e puro brinquedo.

e os anjos, com seus arminhos

de alaúdes afagados,

sorriem, leves, sorriem

mas fogem com suas asas

pra longe, prum outro lado

sem flor ou cor, sem perfume

de gerânio macerado

no inenarrável segredo

vencido, desvencilhado.


Ymah Théres

Juiz de Fora, 24 . 03. 99





segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

A UVA... A VULVA




A uva verde
entre folhas
cachos que se encaixam
nos galhos trançados
suspirando aobsorvendo
a água... a luz.

O brilho
gotejando orvalho
exalando perfume
cultivando desejo
formando sabor...

Vai ser vinho
doce
cálido
inebriante
sedutora
sensual
no cacho que amadurece.

Vinho tinto
que entontece
e liberta
sensual
na vulva aberta.

Vinho branco
que escorre na pele
liberta a vulva
na entrega
do amor
da paixão
que é a vida.

Pedro Paulo de Oliveira. 

sábado, 7 de fevereiro de 2015

COMO EU NASCI? UM BROTO DOIDO




Não pedi pra nascer
Muito menos pra morrer...
Depois que nasci
Pedi pra viver
Porque viver é obrigação
Desejo de continuação.

Depois de nascido é assim:
Igualzinho cachorro
Mosquito ou formiga.

Depois que nasci
Ganhei o direito de viver

Brotei do conjunto
Como planta de nada
Sementes cuspidas na vagina
Em correria louca pra não morrer também.

Foi assim:
Um pênis e uma vagina
Nem sei se me queriam
E fecundei do instinto
Do esperma doido
Saído de um gozo qualquer
Sem previsão, sem distinção e sem previsão
Se seria homem ou mulher.

Texto de Pedro Paulo de Oliveira.
Escritor e Redator.

O TURVO E O TEMPO - FRAGMENTOS DO LIVRO





O Coronel embrenhou-se na mata e ficou espreitando nas brechas do capim. Em campo aberto seria presa fácil. De longe a sombra se movia delineando-se em contornos rudes e poderosos sob a luz da lua. Aos poucos pode ouvir a respiração do animal faminto e furioso.  O diabo de tudo era que aquele animal o caçava movido pelo instinto protetor de mãe. Seu ninho havia sido descoberto e ela o protegeria com a própria vida.

O Coronel sabia que qualquer movimento que fizesse dispararia o ataque prematuro da fera. Mal conseguia respirar e espreitava o bicho do meio da moita. A espingarda já estava engatilhada. A onça parda pisava suavemente na terra ainda úmida da última chuva e seus olhos brilhavam mais forte quanto mais se aproximava. O animal, por instinto, caminhava devagar, com todos os seus sentidos aguçados. Preparava-se para atacar uma presa que sabia que estava parada a poucos metros de si. Sentia seu cheiro forte e já podia calcular o local onde ela estava. A fera só não podia prever que tinha diante de si um homem armado com uma espingarda carregada de chumbo para derrubar um cavalo. 

A três metros do Coronel a onça parou, encolheu o dorso deitando-o no chão e estirou a patas dianteiras preparando-se para o ataque fatal. O Coronel José Bonifácio já estava com a arma apontada na direção dela. Os dois olhares se encontraram num brilho único e poderoso.

...

Pedro Paulo de Oliveira.