O Coronel
embrenhou-se na mata e ficou espreitando nas brechas do capim. Em campo aberto seria presa fácil. De longe a
sombra se movia delineando-se em contornos rudes e poderosos sob a luz da lua. Aos poucos pode
ouvir a respiração do animal faminto e furioso.
O diabo de tudo era que aquele animal o caçava movido pelo instinto
protetor de mãe. Seu ninho havia sido descoberto e ela o protegeria com a
própria vida.
O Coronel sabia
que qualquer movimento que fizesse dispararia o ataque prematuro da fera. Mal conseguia
respirar e espreitava o bicho do meio da moita. A espingarda já estava
engatilhada. A onça parda pisava suavemente na terra ainda úmida da última
chuva e seus olhos brilhavam mais forte quanto mais se aproximava. O animal,
por instinto, caminhava devagar, com todos os seus sentidos aguçados.
Preparava-se para atacar uma presa que sabia que estava parada a poucos metros
de si. Sentia seu cheiro forte e já podia calcular o local onde ela estava. A
fera só não podia prever que tinha diante de si um homem armado com uma
espingarda carregada de chumbo para derrubar um cavalo.
A três metros
do Coronel a onça parou, encolheu o dorso deitando-o no chão e estirou a patas
dianteiras preparando-se para o ataque fatal. O Coronel José Bonifácio já
estava com a arma apontada na direção dela. Os dois olhares se encontraram num
brilho único e poderoso.
...
Pedro Paulo de Oliveira.
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