Só preciso, ao final da caminhada, ter nas mãos meus sonhos,
venturosos sonhos que sonhei por toda a minha vida!
De que mais eu vivi ou segurei com tanto ardor que não meus sonhos?
Ora, meus sonhos foram a razão única da minha vida.
Dos meus sonhos nasceram meus filhos e deles vieram meus netos.
Dos meus sonhos viveram meus pais - sonharam comigo.
Por alguns instantes, meus irmãos sonharam sonhos que eram meus
e comigo alguns poucos amigos sonharam meus sonhos.
Alguns outros tentaram roubar meus sonhos e não conseguiram.
Meus sonhos só a mim pertenciam.
Meus sonhos a ninguém mais servirão;
meus sonhos fizeram-me forte e às vezes, idiota;
fizeram-me viajar para lugares distantes,
sempre querendo mais, buscando mais, encontrando o novo.
Dos meus sonhos a vida se reproduziu,
recompôs-se das cinzas das guerras;
dos meus sonhos a vida se ergueu
no embate contra a miséria e a dor.
Foram assim meus sonhos:
Não foram tantos, nem foram miúdos;
foram sonhos como sonha todo mundo;
sonhos iguaizinhos aos do menino
que tomba esfomeado ou assassinado;
meus sonhos se igualaram aos do soldado
que não compreendeu por que lutou,
Mas, pelejou e morreu.
Sonhei demais? Ah... Talvez.
Mas sonhei e isso é o que importa.
Continuarei sonhando até que meus olhos se fechem.
Aí, sim. Serei apenas essência e meus sonhos irão embora comigo.
Texto de Pedro Paulo de Oliveira.
Imagem: Cássia Oliveira.
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