domingo, 3 de agosto de 2014

ARIANO SUASSUNA - QUE PENA QUE VOCÊ SE FOI... SERÁ QUE SE FOI MESMO?


Lembro-me bem de uma entrevista de Ariano Suassuna em que ele dizia que o ser humano não nasceu para morrer e que a literatura era uma forma de protestar contra a morte. Por essa razão ele escrevia, como forma de protesto veemente contra a morte. Repetindo o chavão popular: "foi-se o homem, fica a sua obra". 

No entanto, Ariano Suassuna foi maior que a sua obra, foi maior que o seu tempo e maior que a maioria dos homens e mulheres que o cercaram, com a sua forma de protestar contra o que acreditava não valer para as artes e para a vida. Nunca conseguiu e nem quis separar a arte da vida. Viveu a arte e a vida de forma uníssona, simultaneamente, num só lugar, no seu mundo, com o seu gênio inquieto e, até seus últimos dias, não deixou de falar de forma clara o que pensava da sociedade. Acreditava que a arte tinha que ter raízes, nascer da alma e ser do e para o povo. Por essa razão, talvez, sua obra mais popular e contundente seja "O Alto da Compadecida.



Ariano foi um gênio e mestre da literatura. Não recebeu o Nobel como Gabriel Garcia Marques, Pablo Neruda ou José Saramago. Contudo, foi um gigante da criação e daqui a meio milênio anda será lembrado pelo "João Grilo".


Reproduzo do site da UOL a reportagem sua morte e "sua vida":


O escritor e dramaturgo Ariano Suassuna morreu por volta das 17h15 desta quarta-feira (23/07/2014), no Recife. Aos 87 anos, Ariano faleceu após uma parada cardíaca. Ele estava em coma, respirando com a ajuda de aparelhos, internado na UTI neurológica do Real Hospital Português, área central do Recife, desde a noite dessa segunda-feira (21), quando havia sido submetido à cirurgia após sofrer Acidente Vascular Cerebral (AVC) hemorrágico. O quadro clínico do escritor sofreu uma piora na noite dessa terça de acordo com boletim médico divulgado às 20h.

DE TAPERÓA PARA O MUNDO - Ariano Vilar Suassuna nasceu no dia 16 de junho de 1927 na cidade de Nossa Senhora das Neves, atual João Pessoa, capital da Paraíba. Ele foi o oitavo dos nove filhos de João Suassuna, presidente do Estado da Paraíba na década de 20 do século passado e que foi assassinado no Rio de Janeiro em 1930 em consequência das divisões e lutas políticas da Paraíba.

Três anos após a morte do pai e com Ariano aos cinco anos, a família Suassuna se mudou para Taperoá, no interior paraibano, onde começou a ir a escola, participou de caçadas e expedições e teve contato com a cultura popular, assistindo a desafios de viola e apresentações de mamulengo. Ainda criança, passou a estudar no Recife, para onde a família se mudou no final em 1937. Na capital pernambucana, começou na música erudita e na pintura.

O escritor era um dos grande defensores da cultura brasileira Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem
Na Faculdade de Direito do Recife, em 1946, encontrou vários escritores atores, poetas, pintores, romancistas e pessoas interessadas em arte e literatura, como Hermilo Borba Filho, José Laurênio de Melo, Carlos Maciel, Salustiano Gomes Lins, Capiba, Galba Pragana, Joel Pontes, Ivan Neves Pedrosa, Aloísio Magalhães, Heraldo Pessoa Souto Maior, José de Moraes Pinho, José Guimarães Sobrinho. Esse grupo teve profunda influência na formação de Suassuna. No ano seguinte, escreveu sua primeira peça de teatro: Uma Mulher Vestida de Sol, baseando-se no romanceiro popular nordestino. De lá, para cá, foram quase 20 obras escritas.

 Em 1959, em companhia de Hermilo Borba Filho, fundou o Teatro Popular do Nordeste e as bases para o Movimento Armorial, que seria lançado em 1970. Formado em direito e filosofia, se tornou professor de várias cadeiras (estética, literatura brasileira, teoria do teatro) na Universidade Federal de Pernambuco, de onde se aposentou em 1989. Sempre atuante, Ariano Suassuna ocupou vários cargos políticos. Na década de 70, foi secretário de Educação e Cultura do Recife e, mais recentemente, na gestão de Eduardo Campos, secretário da Cultura e e depois secretário da Assessoria Especial do Governo de Pernambuco. Ariano Suassuna era casado com Zélia de Andrade Lima e deixou seis filhos.

Texto de introdução: Pedro Paulo de Oliveira.

Imagens: UOL





  

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