quinta-feira, 21 de agosto de 2014

A FLOR DA SEDUÇÃO

Onde foi que plantastes a flor
o copo de leite que me seduziu?
Onde deixastes o teu perfume
envolvente e entontecedor?

Por onde andas?...
A quem seduzes?

Torturo-me a pensar,
imaginar
que a flor de rara beleza
não posso ver
e nem tocar... Sedosa, delicada, selvagem...

Que abelhas rondam tuas pétalas
e que formigas sobem pelo teu caule?
Estou a remoer minha dor
em saber que esses insetos
bebem da tua seiva
e descansam sobre ti.

O seu perfume, ainda o sinto
preso no meu olfato
como veneno
que mata lento.

Em que jardim viceja
esse copo de leite,
invólucro que me envolveu
em prazeres inauditos?

Quantas e quantas vezes entrei em ti
 -flor geminada para o prazer -
seduzido que estava
pelo perfume e pelo gosto da tua seiva.

Fartei-me em tantos momentos
e, depois, contentava-me em admirar-te
na luz do dia
ou na penumbra da noite.

E, agora, o que me resta?
Resta o suplício de não ver-te,
de não saber onde viceja
e por quantas abelhas
escorre tua seiva.








Texto de Pedro Paulo de Oliveira.

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