domingo, 16 de novembro de 2014

DO LIVRO "O TURVO E O TEMPO" Autoria de Pedro Paulo de Oliveira.





O som do balanço, da rede, da brisa, das folhas secas, tudo sobre o piso de madeira da varanda. As vozes vinham de longe com o vento, misturadas aos latidos dos cães chegando das suas vadiagens.  À tardinha, as folhas secas do outono chiavam sobre o assoalho áspero abafando o trote dos cavalos chegando com os seus donos.

---- Eia, que chegam os homens com muita fome – gritava João Gualberto ainda sobre a montaria e de frente com a varanda.

                As crianças gritavam eufóricas, com brilho nos olhos, dourados pelo sol que se punha atrás das serras. Misturavam-se com os cachorros suados e banzeiros. O dia estava terminando e, na verdade, começava a euforia, os momentos de confraternização e de prosas alongadas
.
                Pouco se falava de Aiuruoca por aqueles tempos. O gado e as mulas tomavam as preocupações de João que imaginava expandir seus negócios lá pelas bandas do Rio de Janeiro, pelas voltas de Barra Mansa. No entanto, as coisas não andavam muito boas na política. Falava-se em revolução nas vozes chegadas de Campanha e Barbacena.  A disputa entre Liberais e Conservadores se acirrava. João sabia que se explodisse a Revolução, seria imediatamente convocado.

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