Do outro lado da rua, trôpego... um andarilho, talvez.
O badalar de um sino há muito silencioso
desperta almas aprisionadas
em lúgubres labirintos eivados de desejos e paixões.
A noite se abre em cortinas de sombras na cidade,
encobrindo o "horizonte de formas belas"
Os muros impregnados de corpos, expiram os delírios de noites de desejos, gozos e medos. Medos... Medo da própria vida que se esqueira fluindo dos cantos escuros, como a sífiles fatal.
Nas ruínas das habitações teimam temores e odores de existências, corações iguais e latentes, mãos que se movem, olhos que espreitam.
"Oh noite, tu és minha amiga, trazes contigo a coberta escura que encobre minhas chagas e esconde minha face medonha! Em tuas sombras eu me esgueiro, sorrateiro, em desespero e tenho medo não sei de que, pois que só sei viver. Na luz do dia, escondo-me procurando pedaços da noite e, acordado, suplico por migalhas que trocarei por sonhos tão curtos e violentos que levam a minha alma embora. - Já não tenho mais alma. apenas meu corpo vaga trôpego, ouvindo um sino soturno."
A cidade parece alheia: o lago espelha a "Igreja",
as grades trancam os jardins do "Parque",
o cantor se apresenta no palco das "Artes"...,
o ator interpreta o poeta,
as mulheres dançam nuas.
Texto de Pedro Paulo de Oliveira
AOS LABIRINTOS DE BELO HORIZONTE.
Imagem: olhares.uol
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