sexta-feira, 12 de julho de 2013

O TURVO E O TEMPO



São muitas vidas, mil amores,
Ventos vindos do tapanhú
Muitas estradas, muitos morros,
Muita gente vinda do matutú.

No céu infinitamente azul,
Que brilha no rio sinuoso,
O voo eterno do urubu,
Gari negro e charmoso.

Igreja, igrejinhas, portas abertas pra rezar,
No dia que finda de luz dourada
De sossego na pracinha pra esperar
Deus, Virgem Maria e a pessoa amada.

O apito apita de longe e vem do trem...
Lembranças de um tempo distante,
Amores que foram e vêm,
No olhar da saudade presente.

Onde estão seus filhos barões?
O que foi feito dos seus sonhos de glória,
Dos escravos presos em grilhões
E das batalhas perdidas na memória?

Para onde foram as guerras
Do Coronel e do Visconde,
Orgulho sobre as terras,
Duelo eterno da fronde?

A resposta vem das pedras enterradas,
Dos gritos das conquistas ecoando,
Das vidas e das almas eternizadas,
Dos homens bravos lutando.

E resta, ainda, eterno, o casarão,
Dos muitos umbrais ungidos de dores,
Nos desenhos da grande embarcação,
Na avenida dos desejos e dos amores.

És tu, Turvo Grande, Turvo pequeno,
És tu que um dia viveu a glória,
Retiro de paz, recanto ameno,
Que levo, para sempre, na memória.


Pedro Paulo de Oliveira
Direitos Autorais.
Imagens: Cássia Aparecida de Oliveira




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