A palavra não dita
na alma fica
prosa na língua
escorre na saliva
desce na chuva
que desce pelo telhado...
A palavra não dita
vai simbora
vira autrora
se perde na aurora.
a palavra não dita
vai na água do rio,
é verve mau dita
inaudita.
a palavra não dita
fica engasgada
impudica
na folha branca
sem escrita.
Palavra não dita
presas nos olhos
do menino
do amante
do condenado...
Palavras que se desenham
nos gestos
nos sentidos
na criação
na constatação
de que a vida vai
e não volta
A palavra não dita
permanece inteira no ar
na mão que se excita
de desejo de a vida criar.
Texto de Pedro Paulo de Oliveira.
Imagem: vagalume
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