quarta-feira, 27 de novembro de 2013




DESPERTARES

Sonhou paz e amor, teve dor e ásperas esperas.
Buscou a felicidade, aspirou espinhos e fugas étereas.
Pisou fundo, cicatrizou suas entranhas.

Compassou-se no mundo…
desnudou-se das vestes.

Vestiu-se com carne…
sangrou.

Gerou vida, homens e mulheres…
despertou.

Encaixou pesadelos e pedestais…
caiu da Deusa mulher.

Carmen Silvia Presotto - Vidráguas, em Coletânea da Associação Artística e Literária: “A Palavra do Século XXI", Cruz Alta, 2009. p. 24.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

CORPOS, DELÍRIO, ÊXTASE




Por trás do teu ombro
vejo os montes trêmulos
por onde vicejam ramos
e escorre a água do mar...
Púlpito que se eleva
formando o caminho
por onde minha mãos
deslisam contritas
quase perdidas...

Sinto o abraço
o laço que me prende
o gemido sem dor
o púlpito se abrindo
meus olhos embaçados
meu grito mudo
instinto puro
entro, fecho os olhos
quero a escuridão
sem pensamentos
sem perdão.

Sinto o cheiro, o gosto do sal
o hálito envolvendo meu pescoço
dois bálsamo macios sobre meu peito...
É o instante, meu ser se esgarça
abro os olhos
vejo dois olhos
arregalados e uma boca sorrindo

Texto: Pedro Paulo de Oliveira.

Imagem: sites.google.com/site/jocelinjoseart/nu-artistico-casal

ORIGEM




Sois o fruto
de um desejo
por vezes fortuito
lampejo...

Filho da terra
pisarás a pedra
verás a guerra
crescerás...
germinarás...

Sois a origem
broto do útero
líquido vermelho...
filho amado.

Texto de Pedro Paulo de Oliveira.

Imagem: Graffite.

À SOMBRA DA LUA




Surpreendente e assustador:

“Mas não é só de terror que se trata o livro. (...) Conhecemos cada sentimento, cada dor e, principalmente, cada mágoa e arrependimento que os quase 300 habitantes de Vila Socorro carregam dentro de seus corações. E esse é o ingrediente principal, que dá vida a história.

Quase podemos sentir como se tudo aquilo fosse real. Mas não é, acredite, eu procurei no google.” (Nicole Bleidorn/Bookeando)

O blog Bookeando leu “À Sombra da Lua”. Confira a resenha na íntegra: http://bit.ly/17PR1Dk

sábado, 23 de novembro de 2013

SEU OLHAR, MINHA VIDA




Revejo seus olhos
pequenos radiantes de luz
verdes como o mar que você nunca viu
matizes de vidas de sonhos
iluminando meus passos
seguindo-me.

Seu sorriso seus olhos
brilhos coloridos
sons de tango e bolero
passos vistos
no olhar de vida.

Seus olhos
viram a vida... plena
brotando do seu corpo
era eu
outros tantos
ficou olhando
com medo
risonha
com lágrimas
gravando...

Depois, seu olhar
seguindo os passos
passos trôpegos
indecisos
banindo o medo
mostrando o caminho
vigiando...


Não se esqueceu
novamente admirou
o tempo se foi
em contemplação
até que se esqueceu
não avistava
sentou-se
não mais se levantou
olhando o passado
num abismo colorido
revendo as crias
com os pequeninos
verdinhos e brilhantes olhos.

Seus olhos se fecharam
cansados
guardados sob as pálpebras
o brilho ficou
na memória
na luz de cada dia
atrás das nuvens
sobre as montanhas
verdinhos como esmeraldas.

Texto de Pedro Paulo de Oliveira.
Imagem: Fantasy

Para minha mãe, transformada pelo Mal de Alzheimer e que manteve, até o último instante, o brilho nos olhos.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

O TEMPO, O VENTO




Caminho,presenças, sorrisos
presente, o futuro que não há
pensamento que se eterniza
palavras.

Mãos entrelaçadas
vidas amordaçadas
presas pelo medo
palavras impressas
soltas no ar
ser querer
sentir
escrever
a esperança
o vento
o tempo
o templo
você.

Texto de Pedro Paulo de Oliveira.
Imagem: Saturno.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

DESENCANTO




Passos repassos
compassos
vidas sobre pedras
quedas
desejos insanos
profanos
humanos...

Cidades vaidades
nas esquinas
meninas
meninos feitos
meninas
olhares perdidos
vividos
vidas amordaçadas
caladas
veleidades encanto
pranto...

Becos escuros
sussurros
paredes falam
calam
imprimem
reprimem
abre-se entranhas
estranhas
carinhos fugidios
esguios...

O beijo?
não tem desejo
só o lampejo.

e no canto
ficou o pranto
desencanto
na pedra a ferida
sentida
na vida perdida.

Texto de Pedro Paulo de Oliveira.

Imagem: rotunda.