quinta-feira, 18 de abril de 2013

O PROFUNDO DO MEU SER




Enquanto seus olhos me fitam,
Encarnam a profundidade do abismo.
É nesse instante, de desejo constante,
que a fera indomada aflora
Seduzida pelo aroma da carne fresca
Que se espalha e invade a alcova,
Gruta de segredos e desejos.


Vem o perfume das roseiras,
Um hálito que passa pelas frestas da janela,
Vindo do jardim cercado de grades,
Molhado pela chuva fina de verão.


Lá fora o soldado também se molha
E dorme sobre a calçada despedaçada.


Quero, também, adormecer. Adormeço.
Seus olhos velam meu sono,
Meu sono cheio de sonhos,
Carregado de desejo e passado.


Viajo descalço e posso voar.
No sonho eu flutuo, eu mergulho no espaço,
Caminho pelas pedras
em alamedas compridas, íngremes...
Ruas de pedra, becos estreitos.

Sinto o cheiro de pólvora,
Sinto o gosto de sangue e ouço gemidos,
A lama entra pelos meus dedos
E eu escuto o choro dos órfãos
E o grito das meninas violadas.

A guerra me envolve, não termina nunca!
Melancólica e desgraçada guerra!
Quero permanecer quieto na alcova.
Minha vista arde
e você me acaricia voluptuosa.
Tenho medo da guerra, esqueço a guerra.

Pedro Paulo de Oliveira - 18 de abril de 2013

terça-feira, 16 de abril de 2013

MAIS UM DIA

MAIS UM DIA Outro dia, mais um dia, outras coisas, mais coisas; Tantas coisas, sorrisos, dores, desejos, decepções... Meus olhos, tantos olhos para olhar, Meus passos e tantos passos para passar Minha voz e tantas vozes para ouvir Meu sorriso e tantos risos para ver Minha mãos e outras mãos para tocar Meu coração que bate e tantos corações ao meu redor. Meus olhos se abrem e vejo a luz Há tanta luz à minha volta! Que bom... É mais um dia de vida! Pedro Paulo de Oliveira - 16 de abril de 2013

terça-feira, 22 de maio de 2012

A MORTE DE PABLO NERUDA

Pablo Neruda foi um poeta extremo, do extremo da carne e da alma. Sua morte, como sua vida, deixou marcas e possibilidades para investigações. Eu, pessoalmente, não creio que haja algo extraordinário na sua morte. Contudo, seu motorista pessoal, que o acompanhou até o dia 23 de setembro de 1973, data em que morreu, 12 dias depois do pinochetaço, afirma que ele foi assassinado com uma injeção letal. Foi aberta uma investigação pela corte de justiça do Chile. É possível que Pablo Neruda, muito debilitado por conta do câncer de próstata, ao ter certeza do golpe militar e da morte do Presidente do Chile - e seu amigo pessoal Salvador Allende -, não suportou a dor na alma e se entregou à morte. Mas, como a ditadura chilena foi uma das mais cruéis da América Latina, vamos esperar os resultados da investigação. Acredito que o corpo de Neruda será exumado de onde está enterrado na Isla Negra.
MAS, O QUE NOS IMPORTA SÃO AS SUAS POESIAS, AS SUAS PALAVRAS: PARA NASCER NASCI...; OS CISNES NÃO CHORAM QUANDO MORREM...; A MULHER ENTRE AS FLORES DE AZALÉIAS...

domingo, 20 de maio de 2012

CARTA DO FÓRUM DAS ÁGUAS DE CAXAMBU

O que diferencia o ser humano dos demais animais não é a sua capacidade de destruir o meio ambiente à sua volta, fazer guerras, ser cruel, ambicioso, miserável, digno, ou dotado de amor. O que diferencia o ser humano de qualquer outro ser vivo é a sua capacidade de buscar formas que satisfaçam a sua curiosidade e de encontrar elementos capazes de transformar o meio em que vive, seja para o bem, seja para o mal. Nesse contexto de evolução do ser humano, o modelo de urbanização, ainda baseado na Revolução Industrial, não mais sustenta a lógica da vida. Estamos espremidos em ambientes de imensos conglomerados de cimentos, ferros, alumínios, vidros, borrachas, lâmpadas e máquinas de todas as espécies. Já nos foi dito que nas metrópoles, grandes e médias cidades e, até mesmo, em algumas pequenas cidades, o ser humano é denominado “animal urbano”. Será esse um termo correto para designar um ser que necessita intrinsecamente dos meios naturais para sobreviver? Será justo manter o ser humano aprisionado e entorpecido, desconhecendo seu próprio eu? No meio dos conglomerados urbanos o ser humano se insere às máquinas que ele próprio criou e, desesperado, procura espaços para desaguar suas emoções e instintos. Esses espaços nada mais são do que outras criações da “Revolução Industrial”, ou seja, os grandes shows assistidos por milhares, quando não, milhões de pessoas, marcados por produções fabulosas da tecnologia; clubes fechados e abertos, dependendo do poder econômico dos frequentadores; espaços de convivência nos shoppings (área de alimentação, salas de cinema, pequenos parques de diversões para crianças); e, por fim, as praias e praças superlotadas onde os grupos se fecham e desconhecem seus semelhantes, bem ao lado. Se revisarmos a história, veremos que este atual modelo de urbanização sempre colocou o ser humano numa disputa inglória. Não podemos afirmar que o espaço urbano de hoje é melhor ou pior que o do início da “Revolução Industrial” ou lá dos tempos do Império Romano, ou mesmo da Grécia Antiga. A sociedade sempre foi dividida em camadas sociais: ricos, médios, pobres e miseráveis. Os meios usados para se chegar a ser rico nem sempre foram os mais bonitos, saudáveis ou justos. Desde os tempos do início da civilização, seres humanos enganam, matam e escravizam em nome do poder. Não há nada de novo nessa divisão urbana onde no Brasil o exemplo mais cruel é o das favelas. Logo depois da proclamação da Lei Áurea, as famílias de negros que deixaram as grandes fazendas, foram segregadas nas periferias das cidades. Essa segregação, nas grandes metrópoles, geraram as favelas, numa mistura de mestiços de índios e negros, na sua maioria filhos bastardos dos funcionários públicos, senhores de engenho, senhores do café e senhores do leite e da carne de boi. Muitos seres humanos, ao longo do tempo, sempre sonharam com um mundo mais justo, onde não houvesse fome e todos fossem tratados igualmente na busca das necessidades comuns à sua sobrevivência. Primeiro, foram as religiões, que nasceram do medo da morte e da necessidade de se adorar um ser superior, imortal. As religiões não resolveram e nunca vão resolver os problemas sociais da humanidade. Em nome de Deus muita atrocidade foi cometida e ainda continua a ser perpetrada pelo mundo. Depois, veio a filosofia pregando a igualdade, paraísos e criando regras (Platão, Aristóteles, Sófocles...). Já no Séc. XVIII deparamo-nos com a Revolução Francesa, que foi outro engodo. Ela matou seus próprios idealizadores (Danton e Robespierre). Logo a seguir, veio a Revolução Industrial, trazendo, com ressalvas, evolução para a humanidade. No Séc. XX uma luz surgiu através de um tratado poderoso que marcou gerações e prometia mudar o mundo pregando uma sociedade sem classes, baseada nas ideias de Karl Max. Numa mistura de conceitos comunistas, e variando para socialistas, ditaduras cruéis foram implantadas pelo mundo em nome de uma sociedade mais justa, prometendo acabar com as desigualdades sociais. Tudo, também não passou engodo e provou, mais uma vez que estava em jogo a ânsia do ser humano de ter poder, governar, mandar, ser superior. Os regimes comunistas/socialistas sucumbiram todos com os seus sonhos e os seus líderes entraram para a história como governantes cruéis. Paralelamente às ditaduras, governos déspotas e regimes socialistas/comunistas, os Estados Unidos da América, a Inglaterra, a França, a Alemanha, a Itália, a Espanha e o Japão se impuseram defendendo o capitalismo, baseado no modelo de Democracia. Esse modelo perdurou, ao longo do tempo, foi se adaptando a minimodelos (social democracia, neoliberalismo, socialismo liberal, etc.). Houve uma interrupção nesse processo pelas distorções causadas pelo Nazismo. Contudo, esse modelo, ainda vigente, pregado pelos Estados Unidos e pelo bloco da Europa, também se mostrou cruel, pois não minimizou as misérias humanas, as disputas bárbaras pelo poder e as desigualdades sociais. O que mais preocupa, no entanto, com relação ao futuro da humanidade, diante do atual modelo econômico, ainda sob a liderança dos Estados Unidos e do Bloco Europeu, é o fato desses países ditos desenvolvidos estarem em situação precária financeiramente e dependentes das economias dos países em desenvolvimento, incluindo o Brasil. Existe uma clara dependência, desses países, de recursos naturais que eles não mais possuem: petróleo, ferro, madeira, água doce em abundância e território. O outro fato preponderante com relação a esses países é que eles estão endividados por conta da emissão de excesso de papéis no mercado financeiro do mundo. A discussão do FÓRUM DAS ÁGUAS tem que ser focada, em especial, em cinco pontos: 1 - A MINIMIZAÇÃO DAS DESIGULDADES ATRAVÉS DE AÇÕES SOCIAIS (RESPONSABILIDADE SOCIAL) DAS EMPRESAS E DO PODER PÚBLICO; 2 – A DESFESA DAS RESERVAS NATURAIS BRASILEIRAS, EM ESPECIAL DOS NOSSOS LENÇOIS DE ÁGUA DOCE (O FÓRUM DEFENDERÁ AS ÁGUAS DO ALTO RIO GRANDE E OS LENÇÓIS SUBTERRÂNEOS DO CIRCUITO DAS ÁGUAS); 3 – A EDUCAÇÃO E A CULTURA COMO MEIOS DE SE SAIR DA MIZÉRIA – PROPOSTAS CONCRETAS; 4 – A MULHER COMO MODELO DE UM NOVO PARADIGAMA SOCIAL; 5 – E A REINVENÇÃO DO ESPAÇO URBANO NAS IDEIAS DE JORGE LUIZ BARBOSA. A CARTA DAS ÁGUAS não deverá ser um documento pré-determinado, mas um documento CONTUNDENTE a ser composto a partir das discussões do FÓRUM BRASILEIRO DE POLÍTICAS PÚBLICAS DE CAXAMBU. Pedro Paullo de Oliveira.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

A SOCIEDADE DOS POETAS MORTOS

A sociedade dos poetas mortos – resumo do filme

O enredo do filme é delineado a partir do momento em que o professor de língua inglesa, John Keating, chega à Escola Welton. A escola Welton utilizava-se de tradicionais métodos de ensino, onde a literatura e as artes ficavam em um plano bem inferior. Com a chegada do novo professor à escola tudo começou a mudar já no primeiro dia de aula quando ele concitou os alunos a deixarem a sala, assobiando e pedindo que o chamassem de “capitão, meu capitão”. Com isso, Keating estava incentivando os alunos à ousadia, a uma mudança de postura quanto à vida e à forma de aprender.

Noutra sala Keating pediu ao aluno Neil para ler uma parte do seu livro de poesia. Logo depois, mandou os alunos rasgarem a introdução do livro. Os alunos vibraram com os métodos pouco convencionais do novo professor e, incentivados por ele, subiram nas mesas como forma de expressar suas emoções livremente.

As emoções dos alunos floresceram de forma espontânea e eles reviveram um clube de literatura ao qual havia pertencido o professor Keating e reuniram-se numa caverna próxima da escola. Posteriormente, os alunos Todd e Charlie se destacaram, sendo que o primeiro, num trabalho proposto por Keating, se deu mal devido a problemas de consciência. Keating o levou, então, a fazer exercícios de auto expressão para evoluir seus talentos artísticos. Charlie publicou uma matéria no jornal da escola favorável à entrada de meninas na Welton. Diante do diretor, chamado a dar explicações sobre a matéria, ele ofereceu Deus ao telefone para defendê-lo. O diretor ficou possesso.

Keating foi repreendido pela diretoria por conta de seus métodos de ensino e, na sala de aula, disse aos meninos para não serem estúpidos em lutar contra o sistema, transmitindo-lhes, implicitamente, que eles deveriam ser sutis e inteligentes.

Enquanto isso, outro aluno, knox, se apaixonou por uma garota de outra escola e dedicou-lhe um poema. Foi elogiado por Keating em sala de aula por escrever sobre o amor verdadeiro. Neil, outro aluno, sentiu sua vocação artística aflorar e afrontou seus pais que queriam que ele cursasse medicina. Pressionado pelo pai que lhe disse que iria alistá-lo numa academia militar, Neil cometeu suicídio.

Keating foi feito bode expiatório da morte de Neil e diante de uma investigação do conselho de Regentes de Welton foi acusado formalmente. Mas Charlie o defendeu e esmurrou Richard, seu principal acusador. Charlie, por conta dessa atitude, foi expulso da escola. Todd foi chamado diante da direção e, pressionado por seus pais, foi forçado a assinar um documento em que afirmava ser membro da Sociedade dos Poetas Mortos, que Keating abusou das suas prerrogativas e incentivou Neil a discordar dos pais. Keating foi demitido da escola.

Nolan, um dos diretores da escola e responsável pela demissão de Keating, substituiu-o na sala de aula como professor de inglês. Keating entra na sala para apanhar alguns pertences que havia deixado lá. Foi, então, que Todd revelou que ele e os meninos foram intimidados e obrigados a assinar o documento contra o professor Keating. Nolan exigiu que os alunos se calassem e que Keating se retirasse. Keating se virou para deixar a sala e Todd, pela primeira vez, sendo um aluno fechado, se abriu e gritou: “Capitão, meu capitão!” em seguida, Todd subiu na mesa e foi ordenado por Nolan a descer ou enfrentar uma expulsão. Contudo, ele não desceu e foi seguido pelos demais colegas. Nolan, vencido, tombou sobre a mesa e Keating, sorrindo, deixou a sala de aula para sempre.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

O INFINITO DOS MEUS OLHOS


Fito o infinito de voltas e contornos do mundo.
Vejo, no espaço perdido dos meus olhos, o tempo.
Ah, sim! A vida é a minha visão, a minha memória.
Compreendo que nada muda, mas apenas se aproxima.

Enfim, Continua a angústia, continua a fome, continuam as buscas.
Por que tentam me convencer que o mundo está pior?
por que me dizem que os valores de hoje são piores que os de ontem?
Por que me falam que as pessoas estão mais cruéis hoje?
por que me dizem que a pessoas estão indiferentes?
No infinito da minha existência o mundo não mudou.
Meus olhos vêem os mesmos homens de todos os tempos.
Sou mais um desses homens.

Não sou indiferente à morte alheia,
Não sou indiferente à fome dos outros,
Não sou indiferente à exploração dos mais fracos,
Não sou indiferente à crueldade contra os povos.

O que me resta, por que nasci, é apenas viver.
Tenho uma certeza:O fim dos tempos é a minha morte!
Não quero a desgraça dos seres humanos à minha volta.
Mas, por não ser herói, tenho medo de defendê-los
E anseio por um novo herói, um novo mártir.

Sei que a grande maioria dos que comandam este mundo são apátridas.
Sei que nada mudou na vida dos palácios.
Sei que as tramas continuam sendo feitas pelos detentores do poder.
Tramam as guerras, a mortes, jogam com as vidas!
Tentam convencer-me de que as favelas são frutos do meu tempo.
Ah, que mentira! Os guetos sempre existiram,
Os excluídos e miseráveis sempre existiram.
Os excluídos e miseráveis estão nos cantos das cidades.
Mas, um dia, eles aprenderão que as vicissitudes humanas fazem inocentes,
E, também, suas presas.

MENINA DE COPACABANA

Seus olhos simplesmente me olham na praia quase deserta de primavera. Ela é distraida, elegante, sensual. O céu triste de garoa deixa o mar de ressaca e sopra areia na calçada de Copacabana. As ondas fazem barulho e se levantam querendo engolir a praia de Copacabana. Mas é a praia que as engole, transformando seus restos em espuma.

Ela apenas caminha pela calçada e expõe seus contornos delgados e sensuais, como animal desatento. Eu respiro, olho-a, desejo-a, quero seu seios brotando da camiseta. Ela não me vê, não sente a minha angústia, não percebe meus desejos. Escuto, da criança, que o mar é misterioso. Ah, sim... Tenho que concordar... O mar guarda os segredos do mundo, de homens e mulheres, de heróis e bandidos... Guarda meus segredos neste intante, minha volúpia escondida, aquietada pela sua indiferença.

Ah, menina eterna, por que eterno são os desejos, eterna é a volúpia! Sereia que canta aos meus ouvidos e me encanta. Mulher, dona dos meus pensamentos, das minhas metas. Tudo faço na vida, tudo ganho, tudo busco para que me olhe, para que me deseje, para que me possua e seja minha dona. Ah, menina, se me quer, perco o medo, desfaço-me de tudo que guardei com avidez. Mas, quando o guardei, estava pensando em você, oh menina eterna!

Ela segue pela calçada de desenhos sinuosos de Copacabana e não me vê... Mas, se quizesse, poderia despir-me e, como um peão na arena, laçar-me e arrastar-me até ela. Eu Iria sem recusar, sem reclamações, sem importar-me em sentir dor. "Dor de amor não doi".

Ela torna a passar por mim e olha-me sem interesse. Seus passos simplesmente parecem acompanhar os traços sinuosos dos desenhos do passeio de Copacabana. Sua silhueta é parte do mar que morre na praia, é a menina de Copacabana, que inspira meus desejos, aviva meus sonhos e desperta minha alegria com a sua sensualidade. Menina de Copacabana, de corpo delgado, de corpo comprido, de pele sedosa, de cabelos cacheados, de boca grande, de olhos amendoados.Menina que invade os meus sonhos. Menina de Copacabana, que flutua na leveza e na beleza, transformando o mundo.